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Resenha: SOUZA, J. C. (sup.). Os Pensadores. Pré-Socráticos.



Livro:               Coleção Os Pensadores. Pré-Socráticos.

Autor:              Prof. José Cavalcante de Souza (supervisão).

 

Resenha por:    Gerson Anderson de Carvalho Lopes

 

            A coleção “Os Pensadores” em si é um grande tesouro que todo estudante apaixonado de filosofia deve buscar conhecer ou possuir, em minha opinião, se quiser ter uma visão geral – mas não tão geral assim – da história da filosofia ocidental. Já tendo ouvido falar dessa coleção, conheci-a de fato em 2011, através do volume sobre Sócrates, numa Escola de Filosofia em Macapá-AP. Lembro-me da sensação que foi ler “Ditos e feitos memoráveis sobre Sócrates”, de Xenofonte, o primeiro livro do volume: foi a de um passeio, uma visita à antiga Atenas, conhecendo tanto o do grande mestre Sócrates sobre os temas do amor, da virtude, da coragem, do estudo, da religião, e vários outros, mas conhecendo também o seu método da maiêutica, de que tanto ouvira falar. Tudo isso através de uma linguagem que, apesar de antiga e diferente da comum que eu conhecia, era acessível e inteligível, cativante e muito agradável. Esse primeiro contato certamente me motivou a querer ler mais da coleção, se possível todos os volumes.

            Outros caminhos de leitura, contudo, acabei seguindo. Voltei a ter contato com a coleção esparsas vezes ao ir a algum sebo ou feira de livro e adquirir algum volume, como o de Platão e santo Agostinho, que acabaram indo para uma fila de livros a serem lidos. Em São Carlos, porém, mais uma vez encontrei-me com a coleção “Os Pensadores” no dia em que conheci a Biblioteca Municipal Euclides da Cunha, onde emprestei o volume sobre os Pré-Socráticos, sobre o qual agora escrevo. A motivação para esse empréstimo veio da retomada da minha produção de vídeos sobre História da Física para o YouTube (youtube.com/@gersonandersonfisicoquimico), que havia parado em 2021, quando lecionei na UNIFAP.

            A edição que li é de 1999, uma belíssima versão em capa dura azul, com índice ao final, que traz uma sensação nostálgica ao leitor adulto e talvez o leitor jovem estranhe, todavia. A primeira parte é uma introdução que em si já é um resumo de todo o restante. Divide-se em duas seções: a) Do mito à filosofia: explica a formação do povo grego, a evolução que foi passando no seu modo de vida e cultura e as possíveis razões pelas quais esse povo foi levado a gradativamente desenvolver o pensamento racional a despeito dos mitos; b) Os Pré-Socráticos: um resumo cronológico dos principais pensadores Pré-Socráticos e o cerne de sua filosofia.

            Essa introdução já fornece material suficiente para uma pesquisa de um estudante de ensino médio ou superior que deseja entender o desenvolvimento histórico da filosofia Pré-Socrática e quem foram os principais pensadores e suas ideias, sem que seja necessário recorrer à doxografia nos capítulos seguintes, a menos que essa seja a tarefa. Os seguintes pensadores são comentados: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, Xenófanes, Heráclito, Parmênides, Zenão, Melisso, Empédocles, Filolau, Arquitas, Anaxágoras, Leucipo e Demócrito.

            Em seguida vem a doxografia e os fragmentos propriamente ditos, com os trechos de obras de diversos autores antigos como Platão, Aristóteles, Simplício, Virgílio, Diógenes Laércio, entre muitos outros, bem como a tradução dos fragmentos que chegaram até nossos dias das obras dos próprios pensadores. Nessa parte também estão contidas as críticas modernas de autores como Hegel, Nietzche e Burnet, que comentam e analisam as obras e o pensamento dos antigos.

            Essas análises de pensadores modernos sobre as ideias fundamentais dos Pré-Socráticos são úteis quando a simples leitura da doxografia e fragmentos não é suficientemente clara, principalmente ao leitor iniciante no tema, mas não visam esgotar o assunto ou dar uma interpretação definitiva, já que são pontos de vista de autores diferentes e importantes mas, como é a premissa da atividade filosófica, o texto original está apresentado para que o leitor tenha a sua própria interpretação e ponto de vista.

            Considero esse livro uma obra fenomenal, um guia interessantíssimo para quem se aventura por filosofia, o que certamente exige uma noção do pensamento dos Pré-Socráticos já que eles estabeleceram os fundamentos da filosofia que viria a seguir, bem como representaram uma etapa importante da História do Pensamento ocidental.

 

São Carlos, 24 de setembro de 2023.

 

 

Resumo do conteúdo do livro:

 

Do Mito à Filosofia

Origem da filosofia

            Há um debate sobre a localização e datação do começo histórico da filosofia e da ciência. A linha dos “orientalistas” atribui às antigas civilizações do oriente a criação de uma sabedoria que depois foi herdada pelos gregos. Os “ocidentalistas”, contudo, vê na Grécia o berço da filosofia da ciência teórica. A maioria dos historiadores de hoje tende, entretanto, a admitir que na Grécia surge um modo audacioso e aventureiro de pensar “a busca de uma unidade de compreensão racional, que organiza, integra e dinamiza os conhecimentos”.

 

A era da epopeia

            Durante a formação do povo grego, com as migrações de dórios e aqueus e a formação da sociedade micênica, com influência de eólios e jônios, nasce um tipo de poesia parcialmente fabulosa sobre expedições marítimas e elementos do mundo helênico em formação em contato com culturas orientais. Entremeando lendas e ocorrências históricas, surgem “ciclos” que cantam principalmente as guerras de Tebas e a de Troia. Apenas dois dos numerosos poemas sobreviveram, a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero, escritos entre os sécs. X e VIII a.C.

 

Homero

            Pouco se sabe sobre Homero, sete cidades gregas alegam ser sua terra natal. Diz-se que era um poeta cego e velho que andava pelas cidades a declamar seus versos. Muitos dizem que sua obra na verdade foi reunir uma coletânea de contos aedos. Sabe-se que suas obras contêm elementos de épocas diversas. A Ilíada e a Odisseia estão marcadas pela constante interferência dos Deuses na história humana. Informa sobre a organização da Pólis e são a primeira versão documentada da visão mito-poética grega. A racionalização do divino leva a uma religiosidade de sentido político que serve para “justificar as tradições e instituições da cidade-Estado”. Os deuses aparecem antropomorfizados física e psicologicamente, movido por paixões humanas. Apesar do politeísmo, em Homero nota-se uma ação ordenada por parte dos Deuses, “chegando a admitir certa unidade na ação divina”.

 

Hesíodo

            Entre a era das epopeias homéricas e as primeiras manifestações filosóficas e científicas dos pensadores de Mileto, Samos e Éfeso, situa-se a obra poética de Hesíodo. Só se sabe de sua vida o que ele próprio deixou registrado em seus poemas. Sendo um campesino, trabalhava com seu irmão cultivando as terras lhes deixadas por seu pai. Deixou sobre esse aspecto de uma de suas duas grandes obras: “Os Trabalhos e os Dias”. A outra grande obra foi a “Teogonia” em que relata, sob inspiração das Musas, a genealogia dos Deuses. Nota-se em seu esforço por buscar uma causalidade, um princípio de racionalidade. Enumeram-se três gerações de Deuses, a de Urano, a de Cronos e a de Zeus. Em seguida fala das idades ou raças de homens: a de ouro, a de prata, a de bronze, a dos heróis e a de ferro.

 

Os Pré-Socráticos

Tales de Mileto

            Nas colônias gregas da Ásia Menor desenvolveram-se a navegação, o comércio e o artesanato. Num cenário de mudanças como a introdução da moeda e uma progressiva “laicização” da cultura, surge uma nova mentalidade, comandada pela escola de Mileto, “que coordenou racionalmente os dados da experiência sensível, buscando integrá-los numa visão compreensiva e globalizadora”. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto, natural da Jônia, na Ásia Menor. Sua doutrina só nos chegou pelos doxógrafos. Atuante na política e conhecido como matemático, era considerado “um dos sete sábios da Grécia”. Afirmou que a água seria a physis, a fonte originária, gênese de todas as coisas. A filosofia inaugurada por Tales trazia a possibilidade de reformulação e correção das teses, opondo-se à estabilidade dos mitos.

 

Anaximandro de Mileto

            Geógrafo, matemático, astrônomo e político. Discípulo e sucessor de Tales. Seu livro Sobre a Natureza é tido pelos gregos como a primeira obra filosófica escrita no seu idioma. “Introdutor na Grécia e aperfeiçoador do relógio de sol (gnomon), de origem babilônica, foi também o primeiro a traçar um mapa geográfico”. Realizou medição das distâncias entre estrelas e sua magnitude (É o iniciador da astronomia grega). “Ampliando a visão de Tales, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total”. Para ele, o universo teria se originado num princípio (ou arché) chamado ápeiron, que se traduz como infinito ou ilimitado, que estaria “animado por um movimento eterno, que ocasionaria a separação dos pares de opostos”. Fala-se, pela primeira vez, numa lei de “equilíbrio universal, garantida através do processo de compensação dos excessos”.

 

Anaxímenes de Mileto

            “Discípulo e continuador de Anaximandro. Escreveu sua obra, Sobre a Natureza, em prosa. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol.” Para este filósofo, “o universo resultaria das transformações de um ar infinito, o pneuma ápeiron. Afirmava, ainda, que “todas as coisas seriam produzidas através do duplo processo mecânico de rarefação e condensação do ar infinito”. Assim, além de identificar qual é a physis, mostrava-se um processo compreensível da “passagem da unidade primordial à multiplicidade de coisas” que compõem o universo.

 

Pitágoras de Samos

            Sua figura foi cedo associada com aspectos legendários. O que se sabe ao certo sobe sua vida é que teria deixado Samos (na Jônia), na segunda metade do séc. VI a.C., transferindo-se para Crotona, onde fundou uma confraria científico-religiosa. Pressupunha uma identidade fundamental, de natureza divina, entre todos os seres, uma “harmonia”. O mal, portanto, era entendido como a desarmonia. O trabalho intelectual, que descobre a estrutura numérica das coisas, promoveria a purificação da alma, tornando-a semelhante ao universo em harmonia, proporção e beleza. Os números não são meros símbolos para exprimir o valor das coisas, e sim reais, a própria “alma das coisas”. Ele entende a extensão como descontínua, constituída por unidades invisíveis e separadas por um “intervalo”. Da dualidade “par” e “ímpar” vem a compreensão da alteridade e da identidade. Pitágoras relacionava também a noção de “par” e “ímpar” às dualidades da natureza frio/calor, dia/noite, claro/escuro, cheio/vazio, macho/fêmea, ser/não-ser. O principal impasse enfrentado pela filosofia baseada em números inteiros foram os números irracionais. Os pitagóricos se dispersaram pelo mundo helênico e fundaram novos centros – Tarento, Metaponto, Síbaris, Régio e Siracusa – “levando a todos os setores da cultura o ideal de salvação do homem e da polis através da proporção e da medida”.

 

Xenófanes de Colofão

            Saindo de Colofão, na Jônia, Ásia Menor, migrou para o sul da Itália, a Magna Grécia, especialmente Sicília, levando a efervescência intelectual da Jônia. Foi poeta, sábio e rapsodo, cantando seus poemas através da Grécia. Escrevia em verso. Considerava também o universo constituído a partir de uma única origem, ou arché. Opunha o Um ao Múltiplo.

 

Heráclito de Éfeso

            Nasceu em Éfeso, na Jônia, Ásia Menor, descendente do fundador da cidade. “Recusou-se, sempre, a intervir na política”. Escreveu o livro Sobre a Natureza em prosa e, por seu estilo de escrita demasiado conciso, metafórico e oracular, ficou conhecido já na antiguidade como “o obscuro (skoteinós)”. Acreditava num princípio mental ordenador do universo, o Logos (Razão), uma lei universal e fixa, fundamento da harmonia universal. Conjugava as noções de uma unidade fundamental e de multiplicidade, “uma unidade de tensões opostas”. Para ele o Um penetra o Múltiplo. Enfatiza o caráter mutável da realidade: “Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sempre sobre ti”. Estipula o fogo como princípio da mudança, entretanto “o Logos-fogo é também Razão universal e, por isso, impõe medida ao fluxo”. Supunha a harmonia como feita de tensões, “como a do arco e da lira”.

 

Parmênides de Eleia

            Foi legislador e sua cidade natal, Eleia – hoje Vélia, na Itália –, e deixou um poema, apresentando suas ideias filosóficas: Sobre a Natureza. Foi discípulo do Pitagórico Amínias. Diferenciava a “via da verdade”, em que o homem se deixava guiar apenas pela razão, da “via da opinião”, em que os sentidos e as convenções de linguagem afetavam a compreensão. Centrava-se na noção de unidade, às vezes tornando-se incompatível com as noções de movimento (como o mobilismo de Heráclito) e de multiplicidade (inclusive o dualismo de Pitágoras).

 

Zenão de Eleia

            Nasceu em Eleia (Itália), onde atuou na política. Escreveu várias obras em prosa: Discussões, Contra os Físicos, Sobre a Natureza, Explicação Crítica de Empédocles. Dedicou-se a criar argumentos para confrontar os críticos do eleatismo e sus noções de imutabilidade e unidade. Sistematizou o método de demonstração por absurdo e foi um dos inventores da dialética como argumentação combativa ou erística, isto é, a arte ou técnica da disputa argumentativa no debate filosófico, desenvolvida posteriormente pelos sofistas, e baseada em habilidade verbal e acuidade de raciocínio. Um dos argumentos em forma de problemas mais famosos é o de Aquiles e a tartaruga, em que ele defende que a noção de movimento leva a absurdos como: Aquiles nunca alcança a tartaruga numa corrida.

 

Melisso de Samos

            Nascido em Samos (ilha no mar Egeu), foi um eleata. Além de filósofo foi político, comandou uma esquadra que derrotou os atenienses em 441 a.C. Escreveu um poema Sobre o Ser ou Sobre a Natureza. Foi outro polemista e defensor de Parmênides.

 

Empédocles de Agrigento

            Nasceu em Agrigento, na Sicília, Magna Grécia, em aproximadamente 490 a.C. Expôs seu pensamento em dois poemas: Sobre a Natureza, de teor filosófico que desenvolve a linha de pensamento dos milesianos, e Purificações, de caráter religioso que trata da doutrina órfico-pitagórica. Defendia também a validade do conhecimento adquirido através dos sentidos, em contraste com Parmênides. Instituiu o pluralismo – o universo como resultado de quatro raízes, a terra, a água, o ar e o fogo. Nenhuma é mais importante, todas são eternas e imutáveis. A diversidade das coisas vem da mistura das raízes em diferentes proporções. Instituiu o Amor e o Ódio como as fluidos-forças (são também corpóreos) que aproximam ou afastam as raízes. “Sua doutrina pode ser vista como uma primeira síntese filosófica”. Substitui a busca dos jônicos de um único princípio pela noção de quatro elementos. Combina o ser imóvel de Parmênides e a transformação de Heráclito. Combina ainda a unidade e a pluralidade dos seres particulares.

 

Filolau de Crotona

            Pertencente ao pitagorismo posterior. Nasceu em Crotona, em meados do séc. V. a.C. Viveu no sul da Itália. Foi mestre de Demócrito e de Arquitas. “Diz-se que, obrigado pela pobreza, escreveu um livro sobre a doutrina pitagórica, fato que se reveste da máxima importância, porque os fragmentos que chegaram até nós representam o mais antigo testemunho escrito sobre a doutrina pitagórica. Esse livro exerceu profunda influência no pensamento de Platão, que o adquiriu por quarenta minas”.

 

Arquitas de Tarento

            Também pertencente ao pitagorismo posterior. Foi discípulo de Filolau e amigo de Platão. Homem de Estado, foi sete vezes governador de Tarento. “Atribuem-se-lhe muitas obras perdidas, sobre mecânica e geometria, sendo considerado o iniciador da mecânica científica. Restam-nos fragmentos de sua Harmonia e das Diatribes ou Conversas, referentes a problemas de matemática e música”.

 

Anaxágoras de Clazômena

            Natural de Clazômena, na Jônia, mudou-se para Atenas e lá passu uns trinta anos, levando as ideias novas da Jônia. Em Atenas, tornou-se amigo de Péricles, seu protetor e discípulo. Fundou a primeira escola filosófica de Atenas. Foi físico, astrônomo, matemático e meteorologista. “Em 431 foi acusado de impiedade por negar a divindade do Sol (para ele uma pedra incandescente) e da Lua (para ele, era uma terra). Segundo parece, Anaxágoras foi encarcerado, mas conseguiu fugir, refugiando-se em Lâmpsaco (Jônia), onde fundou outra escola. Mereceu alta estima dos lampsacences, que cunharam moedas sua efígie e puseram elogioso epitáfio em seu túmulo”. Escrevia em prosa e, como Empédocles, tentava conciliar o mutável e o imutável. Acredita na divisibilidade infinita: “em cada coisa existe uma porção de cada coisa”. Introduz a noção do infinitamente pequeno. Na origem do universo, “todas as coisas estavam juntas, infinitas ao mesmo tempo em número e em pequenez, porque o pequeno era também infinito”. Atribuía valor ao conhecimento obtido através dos sentidos e do trabalho manual: “o homem pensa porque tem mãos”. “Anaxágoras foi o filósofo pré-socrático que deu origem a maior número de discussões ou a interpretações as mais variadas”.

 

Leucipo de Mileto

            Nasceu provavelmente em Mileto. Segundo outros, em Eleia ou Abdera. Teria sido contemporâneo de Empédocles e Anaxágoras, também dos sofistas e de Sócrates, em meados do séc. V a.C. Talvez discípulo de Zenão ou de Melisso. “Atribui-se-lhe duas obras: A Grande Ordem do Mundo e Sobre o Espírito”, a última talvez uma seção da primeira. Fundador da escola atomista, cuja grande contribuição à filosofia foi o desenvolvimento da noção de espaço. Influenciou filósofos posteriores como Epicuro e Lucrécio. Afirmaram a existência do não-ser corpóreo, isto é, o vazio, uma vez que o movimento existe, com mostram os sentidos. Os átomos seriam plenos (maciços), em número infinito, invisíveis, móveis por si mesmos, sem direção preferencial, distintos não por alguma qualidade (cor, cheiro, sabor, temperatura...) mas sim por atributos geométricos (forma, tamanho, posição – este último do tipo de distinção entre as letras N e Z) e, quando agrupados, distintos pelo arranjo, (AN≠NA). O universo é constituído de átomos (descontínuo, corpóreo) e vazio (contínuo, incorpóreo).

 

Demócrito de Abdera

            Teria nascido em Abdera, colônia jônica da Trácia, por volta de 470 a.C. e morrido em 370 a.C. Contemporâneo de Sócrates, foi o principal difusor do atomismo iniciado por Leucipo, sucessor desde na direção da escola de Abdera. Além disso, dedicou-se também ao problema do conhecimento e o da Ética, temas não abordados pelos primeiros filósofos, os naturalistas. Opunha-se ao relativismo do sofista Protágoras, que afirmava “o homem é a medida de todas as coisas. Defendia um conhecimento da physis independente da “medida humana”. Classificava o conhecimento em “bastardo” (sentidos) e “legítimo” (razão). Quanto à ética, dizia que o homem devia buscar “a calma do corpo (que é a saúde) e a da alma (que é a felicidade)”. “Atribuem-se-lhe muitas viagens, numa das quais também chegou a Atenas. Mesmo assim, nesta cidade, sua filosofia foi ignorada por muito tempo”. Segundo Diógenes Laércio, deixou umas noventa obras.

 

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